terça-feira, 25 de outubro de 2016

Grande Florianópolis já deve ter BRT em 2017, diz superintendente

25/10/2016 -  
 
LARISSA LINDER

Grande Florianópolis já deve ter BRT em 2017, diz superintendente Cristiano Estrela/Agência RBS
Grande Florianópolis já deve ter BRT em 2017, diz superintendente Cristiano Estrela/Agencia RBS
Foto: Cristiano Estrela / Agencia RBS

A falta de integração no transporte público de Florianópolis é um gargalo que obriga, muitas vezes, o usuário que transita entre dois pontos do continente a pegar um ônibus que vai até Ilha e, lá, trocar por outro que retorna à região continental. 

O sistema metropolitano, liderado pela Superintendência de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Grande Florianópolis (Suderf), pretende acabar com isso. Entre as opções para solucionar o problema, o projeto prevê trazer BRTs (Bus Rapid Transit ou Ônibus de Transporte Rápido) para a região, um esquema de faixas exclusivas de ônibus (veja a definição de BRT ao final da matéria).

– Hoje, para ir de Palhoça até o centro (da Capital), leva-se 15 minutos sem trânsito e mais de uma hora com trânsito. O objetivo é que com o novo sistema sejam sempre 15 minutos – diz o professor Werner Kraus, do Observatório de Mobilidade Urbana da UFSC, que faz parte do projeto. 

A Suderf estima que todas as linhas estarão prontas até 2021, mas já em 2017 alguns trechos deverão ser entregues.

– Espera-se que os primeiros trechos do BRT interligando São José via Estreito até o Terminal Integrado do Centro (Ticen), em Florianópolis, bem como a racionalização dos itinerários das redes e linhas intermunicipais, entrem em operação até o final de 2017 – diz Cassio Taniguchi, superintendente da Suderf. 

Projeto prevê três linhas de BRT

O projeto metropolitano planeja duas linhas saindo de Palhoça e outra de São José, todas terminam no centro da Capital. No total, serão 57 quilômetros de vias e de faixas exclusivas, 36 estações e quatro terminais de integração para este modal. 

Foto: Arte DC / Agência RBS

Além disso, como explica Taniguchi, estão previstas faixas exclusivas para ônibus comuns e a remodelação dos percursos dentro dos municípios. A outra linha de BRT, dentro da Capital, é tocada pela prefeitura, fora do âmbito da Suderf, e já está em obras desde maio, com dinheiro da Caixa.

Para o sistema metropolitano, o investimento, de R$ 1,1 bilhão, deverá contar com aportes do governo do Estado por meio de financiamentos de bancos de desenvolvimento (BNDES, principalmente) na proporção de 50% do poder público e 50% do parceiro privado. 

O sistema está sendo tocado por meio de parceria público-privada (PPP). De um lado, o consórcio Triunfo toca a parte de infraestrutura. De outro, a Suderf, em convênio com o Observatório de Mobilidade da UFSC, faz a parte de inteligência operacional.

Um dos pontos atacados será o excesso de linhas intermunicipais que saem de Biguaçu e São José em direção à Capital. Por não terem integração entre si, acabam trafegando com poucos passageiros, formando filas nos corredores de ônibus, além de atenderem poucos trajetos dentro dos municípios. O mesmo não ocorre em Palhoça, onde já há integração quase completa.

Mas para que novo sistema dê certo é preciso que os prefeitos das cidades envolvidas concordem em seguir adiante com o projeto de forma integrada. As prefeituras de São José, Palhoça e Biguaçu, procuradas pela reportagem, mostraram-se favoráveis. Em todas elas, os prefeitos foram reeleitos.

O que é BRT?

Bus Rapid Transit ou Transporte Rápido por Ônibus é um sistema de transporte coletivo de passageiros com base em ônibus com faixas exclusivas. Para ser considerado um BRT, é preciso que o sistema tenha cinco características: 

1) faixa exclusiva;
2) alinhamento das faixas no corredor central da via;
3) pagamento da tarifa na estação, não dentro do veículo;
4) passagem livre para ônibus nas interseções;
5)  plataformas de embarque em nível, alinhadas com o piso dos ônibus. 

O BRT é uma tecnologia brasileira, desenvolvida na gestão do ex-prefeito de Curitiba Jaime Lerner, na década de 1970. Embora já existissem faixas de ônibus em vários lugares no mundo antes disso, foi Lerner quem idealizou o sistema da forma como é conhecido hoje.